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“Fairyport”

Na rica tapeçaria da música progressiva, poucas bandas se destacam com a mesma singularidade e originalidade da banda finlandesa Wigwam. Fundada no final dos anos 1960, esta banda conseguiu criar uma marca distintiva, misturando elementos de jazz, rock progressivo e uma dose saudável de experimentalismo, tudo isso em um contexto cultural e geográfico singular como a Finlândia.

O surgimento de Wigwam coincidiu com um momento de efervescência musical ao redor do mundo, especialmente no que diz respeito à experimentação sonora. No entanto, enquanto muitos dos contemporâneos da banda estavam imersos em cenários musicais mais estabelecidos, como os britânicos e americanos, Wigwam emergiu de um terreno menos explorado. A cena musical finlandesa, apesar de menos conhecida internacionalmente, era vibrante e recetiva a novas ideias, proporcionando à banda um terreno fértil para cultivar sua música eclética.

O jazz desempenhou um papel fundamental na sonoridade distintiva de Wigwam. Suas composições muitas vezes apresentavam improvisações habilidosas e estruturas não convencionais, características típicas do género. No entanto, o jazz servia apenas como ponto de partida, pois a banda rapidamente expandia seus horizontes, incorporando influências tão diversas quanto o rock psicadélico, o folk progressivo e até mesmo elementos de música clássica.

Em meio a essa mistura de estilos, Wigwam também se destacava por suas letras inteligentes e muitas vezes surrealistas. As letras de Jim Pembroke eram poéticas e evocativas, abordando temas que iam desde reflexões filosóficas até contos fantásticos, adicionando uma camada adicional de profundidade às composições da banda.

O duplo álbum "Fairyport", terceiro trabalho de estúdio da banda, é uma obra seminal lançada em dezembro de 1971. Este álbum representa um marco significativo na história do rock progressivo, não só pela sua habilidade técnica e composição inventiva, mas também pela maneira como incorpora uma ampla gama de influências musicais em uma tapeçaria sonora coesa e cativante.

Entre as músicas notáveis neste álbum, destacam-se várias que capturam a essência do jazz/rock progressivo. "Losing Hold", uma peça de mais de sete minutos que demonstra a maestria dos músicos da banda em criar paisagens sonoras complexas e emocionantes. Com suas mudanças de ritmo e melodias intrincadas, esta faixa exemplifica a fusão única de elementos de jazz e rock que caracteriza o som de Wigwam.

Outra música ilustre é a faixa-título "Fairyport", uma composição de Jukka Gustavson. Esta faixa de quase sete minutos transporta o ouvinte para um mundo de fantasia e imaginação, com suas melodias cativantes e arranjos exuberantes.

Além disso, músicas como "Cafffkaff, the Country Psychologist" e "Every Fold" mostram a capacidade da banda criar músicas acessíveis e envolventes, enquanto ainda mantêm uma abordagem experimental e inovadora à composição.

"Fairyport" é um álbum diversificado que abrange uma variedade de estilos e influências musicais, desde o jazz até o rock progressivo. Cada faixa oferece uma experiência auditiva única, repleta de virtuosismo musical e imaginação criativa. Ao longo dos anos, este álbum continuou a ser reconhecido como uma obra-prima do género, demonstrando o talento duradouro e a influência significativa de Wigwam na cena musical progressiva.

Apesar de seu impacto duradouro e influência no cenário musical finlandês, Wigwam nunca alcançou o mesmo nível de reconhecimento internacional que algumas de suas contrapartes no mundo do rock progressivo. No entanto, sua importância histórica e herança perduram até hoje, com sua música continuando a inspirar uma nova geração de músicos e aficionados por som progressivo em todo o mundo.

Em resumo, a jornada musical de Wigwam foi uma exploração audaciosa dos limites do jazz e rock progressivo, enraizada na rica tradição cultural da Finlândia e impulsionada pela criatividade e inovação de seus membros. Mais do que uma banda, Wigwam representa um capítulo fascinante na história da música progressiva e um lembrete da riqueza e diversidade do cenário musical finlandês.

Songs / Tracks listing

Side A

1."Losing Hold" (Gustavson, Pembroke, Pohjola) – 7:06

2."Lost Without a Trace" (Pembroke) – 2:29

3."Fairyport" (Gustavson) – 6:53

Side B

1."Gray Traitors" (Gustavson) – 2:48

2."Cafffkaff, the Country Psychologist" (Gustavson) – 5:22

3."May Your Will Be Done, Dear Lord" (Gustavson) – 5:28

4."How to Make It Big in Hospital" (Pembroke) – 3:03

Side C

1."Hot Mice" (Pohjola) – 3:18

2."P.K.'s Super Market" (Pohjola) – 2:19

3."One More Try" (Pembroke, Pohjola) – 3:25

4."Rockin' Ol' Galway" (Pembroke) – 2:28

5."Every Fold" (Pembroke) – 3:06

Side D

1."Rave-Up for the Roadies" (Live) (Gustavson, Pohjola, Tolonen, Österberg) – 17:20

Bonus tracks on CD version

"Losing Hold/Finlandia" (Live) (Gustavson, Pembroke, Pohjola/Sibelius) - 10:57

Jukka Gustavson

vocals, piano, electric piano, organ

Jim Pembroke

vocals & harmonica; piano (A2, C5)

Pekka Pohjola

bass guitar, violin; acoustic guitar (C3); piano (C1, C2); celesta (C2); harpsichord (C2); backing vocals (A3)

Ronnie Österberg

drums, percussion; backing vocals (A3)

Guest musicians

Unto Haapa-Aho - bass clarinet

Eero Koivistoinen - soprano saxofone

Tapio Louhensalo – bassoon

Risto Pensola – clarinet

Pekka Pöyry - soprano saxofone

Hannu Saxelin – clarinet

Jukka Tolonen - electric guitar (A2, B4, D)

Ilmari Varila – oboé



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